segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

SOS Capuchos

A discussão em torno das questões do património em Sintra tem-se centrado, pelo menos nos últimos anos, em torno de nomes. Tudo parece "pessoalizado", como se o que estivesse em causa não fosse o património em si, mas as pessoas que o gerem.

Não me querendo meter no meio de discussões que tanto parecem entreter os figurões do Concelho - eu, que nem munícipe sou de Sintra... - gostaria apenas de lembrar que todos somos pequeníssimos grãos de areia perante o colosso granítico serrano, e o seu património. E que por isso acredito que as energias gastas em "conversa da treta" melhor seriam empregues a debater os problemas gravíssimos com que se depara a Paisagem Cultural de Sintra, e muito do património que se localiza fora dela, e que cai aos pedaços, dia após dia.

Este Blog é dedicado aos Capuchos, que será quanto a mim o mais mal tratado e esquecido espaço da Paisagem Cultural sintrense. Poucos falam dos Capuchos, e não raras vezes pergunto-me "porquê?". É que se há singularidade dentro da singular Serra de Sintra, ela está bem dentro do seu coração, no centro da Cruz formado pelos cumes que se prolongam de Santa Eufémia à Peninha, e que interceptam os magníficos vales que se estendem para norte e para sul.

Convento da Santa Cruz da Serra. Desta Cruz.

Aos franciscanos pedia-se que, cumprindo o apelo d'O Cristo, tomassem às costas a sua Cruz (Lucas 9:23). Ironia do destino, é sobre o Conventinho que hoje a penosa Cruz se suporta. Quanto tempo aguentarão as suas paredes de palha e argila? Quantos anos aguentaram, intocados, os seiscentistas frescos do Reinoso? Por quanto tempo mais se vai adiar a restituição ao espaço (nem que seja num adaptado antigo armazém, adjacente à Capela do Senhor do Horto) do recheio do Convento? Tantas perguntas que poderia acrescentar, sem resposta...

A comunidade sintrense, os seus figurões e associações locais, poderão continuar a abordar o acessório, entretidos em questões de "lana caprina" normalmente motivadas por pequenas invejas, antipatias entre pessoas, falta de imaginação... Nada de novo, e pelo contrário tudo "coerente com os tempos que cumprem, invariavelmente, as determinações qualitativas do ciclo" (Carlos Dugos)..

Este projecto procurará, pelo contrário, ignorar os nomes, centrando-se nas ideias. Aqui a única preocupação é o Convento.

Espaço aberto a todos, pedem-se contribuições. Fotografias, desenhos, vídeos, opiniões, textos (antigos ou actuais)... enfim, tudo o que contribuir para:

a) Um melhor conhecimento dos Capuchos, dando expressão prática à recomendaçãod a UNESCO acerca da necessidade de utilizar a internet para melhor dar a conhecer o património classificado;

b) Informar todos os interessados sobre a actual situação do Capuchos, em matéria de conservação;

c) Perspectivar soluções para os problemas identificados.

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